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A segunda vez que vi Angela Merkel

Estar nos mesmos lugares que Angela Merkel, para mim, tornou-se uma obsessão. Quando comecei a rascunhar quais pautas gostaria de desenvolver aqui na Alemanha, Merkel estava em praticamente todas. Todas as vezes em que encontro jornalistas por aqui, vou logo perguntando se sabem onde ela estará, como faco para entrar, peco opiniões pessoais sobre o que acham da chanceler alemã.

Angela é a mulher mais poderosa do mundo. Indiscutível. Apesar de ser um pouco conservadora para o meu gosto, acabei por meu tornar uma espécie de fã: sempre achei que transmitia uma energia boa quando a via na TV. Hoje, depois de ve-la pessoalmente duas vezes, acho mais: ela é piadista, sorridente e não me parece ser muito restritiva quanto a protocolos.

Hoje pela manhã, fui ao Bundestag, o parlamento alemão. Para me credenciar, telefonei a um jornalista que me indicaram. Ele, além de me contar um pouco sobre suas experiencias na presenca da chanceler, me orientou como fazer meu credenciamento. Enviei alguns documentos por fax na tarde de ontem, e hoje cedo passei no escritório de acreditacão da imprensa para retirar meu crachá – o qual perderia momentos depois.

Às nove horas EM PONTO, tocou uma espécie de campainha no plenário do parlamento, e eis que surge a chanceler, acompanhada do vice chanceler, Philipp Rösler, que também é ministro. Eu nem a vi entrar, porque fiquei um bocado tensa com aquela campainha e movimentacão simultanea. Enfim, lá estava ela. De novo. De casaquinho verde e bolsa vermelha (combinacão horrorosa, mas ainda continuo fã). Angela deve ter ficado uns 30 minutos na sessão que debatia infraestrutura enérgica da Alemanha. Eu não tirei os olhos dela.

Entre mexidas no celular, ela levantava para conversar com algum parlamentar. Deu uma risadinha discreta quando o vice-chanceler fez uma espécie de piada ao falar na tribuna (aqui digo “espécie de piada” porque não estou muito por dentro do senso de humor germanico para entender certas colocacões). Após o término da fala do vice, Angela pegou a bolsa e deixou o plenário. Eu pensei: “Vou atrás para falar com ela”. Cheguei a me movimentar para isso, mas pensei novamente: “Cara, é melhor eu conhecer o lugar como a palma da minha mão primeiro antes de tentar chegar perto dela”. Angela está sempre cercada por mil homens de preto. Eu preciso de um plano para me aproximar. Por enquanto, vou visitar o Bundestag seguidamente, especialmente quando a chanceler tiver agenda lá, para tentar a sorte. Logo penso em algo menos babaca.

Angela Merkel e Philipp Rösler (chanceler e vice, respectivamente)

Angela Merkel e Philipp Rösler

O parlamento alemão é bem moderno. Todas as portas de vidro abrem automaticamente, sem precisar tocar na macaneta. O carpete é bem novinho, e as poltronas onde sentam os parlamentares parecem terem sido recém colocadas. Tudo é muito organizadinho, e devem haver milhões de segurancas disfarcados, pois não vi nenhum uniformizado. Quando tentei abrir uma porta onde estava escrito “não abra” tocou um alarme e já veio alguém perguntando o que eu queria ali. Disse apenas: “Eu não entendo alemão, sorry”. (Cara de pau master). Queria ter ido à cúpula de vidro, mas me disseram que não poderia porque estava fechada: “é o mau tempo, a neve, mäadchen”. Voltarei outro dia.

Bundestag

Bundestag

Na hora de ir embora, deveria entregar o crachá de imprensa na porta de saída. Foi só aí que me dei conta que o tinha perdido. Expliquei ao seguranca o ocorrido, e ele disse que eu deveria ir à polícia do parlamento relatar o caso. Eu argumentei que não precisava do crachá, era just for one day. Ele insistiu.

A credencial de imprensa quando ainda estava sob minha posse

A credencial de imprensa quando ainda estava sob minha posse

Lá fui eu na sala da polícia (e não é seguranca, é polícia mesmo!) contar o sucedido. O policial pediu para eu lhe dizer por quais lugares havia transitado. Fui falando: “plenário, banheiro, escadaria tal, elevador, blablabla”. Ele pediu meu passaporte e leu meu nome no rádio. De repente, estava todo mundo falando em alemão ao mesmo tempo, com meu nome, “Fernanda”, no meio das frases. Eu perguntei: “Ist das eine Große Probleme?” Ele respondeu que não era um problemão, mas que teriam que localizar o crachá antes de eu deixar o prédio. Fiquei ali na sala da polícia aguardando alguém falar meu nome no rádio novamente.

Uns dez minutos depois, veio o policial, que, by the way, era super simpático, me dizer que eu estava liberada. Tinham achado o tal do crachá. Fui escoltada até a porta e deixei o Bundestag com um pedido de desculpas.

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